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Apneia pode causar prejuízos para a saúde bucal

Apneia pode causar prejuízos para a saúde bucal

Você já mordeu a bochecha dormindo? Tudo que queremos na hora de dormir, é paz. No entanto, algumas situações nos impedem de passar a noite tranquilamente. Um dessas situações é quando a apneia se manifesta.

Uma pessoa pode passar a vida dela inteira sofrendo com a apneia. Além disso, esse distúrbio pode aparecer em qualquer idade. Por isso, é importante ficar atento aos sintomas. Mas, afinal, o que é essa tal de apneia?

A apneia é um distúrbio do sono grave. Ele faz a pessoa parar de respirar, durante alguns segundos, em diversos períodos à noite. A apneia do sono, como também é chamada, é dividida em: apneia obstrutiva do sono e apneia do sono central.

O que é apneia respiratória?

Basicamente, uma apneia respiratória ocorre quando há uma parada respiratória que, normalmente, teve como origem algum problema nas paredes do fígado.

Quando ela ocorre com muita frequência, uma das consequências que se manifesta é a redução da quantidade de oxigênio que chega até o sangue, podendo resultar em graves danos no organismo.

O nível de O2 pode ser medido por meio de uma oximetria.

Tipos de apneia

Ao realizar um diagnóstico de apneia, é muito fácil de identificar qual o tipo especificado o paciente paciente possui, uma vez que existe mais de uma.

São 3 os tipos de apneia do sono existentes:

  1. Apneia obstrutiva do sono (AOS);
  2. Apneias centrais do sono (ACS);
  3. Apneia mista do sono.

A principal diferença entre elas é simplesmente o fator que irá desencadear então esse distúrbio do sono. Vamos entender melhor como cada uma funciona?

Apneia obstrutiva do sono

Esse primeiro tipo é caracterizado principalmente por ser um bloqueio parcial ou ainda total da região das vias respiratórias superiores, fazendo a pessoa parar de respirar.

Ou seja, o tão conhecido desvio de septo, pólipos nasais, adenoide, amídalas grandes, relaxamento excessivo na faringe, são algumas das causas mais comuns de uma apneia obstrutiva.

Isso ocorre pois, durante o sono, todos esses fatores podem dificultar com que o o ar passe, interrompendo assim a respiração constantemente, por períodos que podem durar até mais de dez segundos.

Normalmente, os pacientes que possuem a apneia obstrutiva do sono, costumam ter então de cinco a trinta episódios de respiração interrompida a cada uma hora.

Além disso, não são só esses os motivos que podem fazer com que as vias aéreas superiores sejam obstruídas, causando inclusive uma síndrome da resistência das vias aéreas superiores, conhecidas pela sigla SRVAS.

Dessa forma, esse problema pode também ser originado a partir de:

Apneia central do sono ACS

A apneia central, assim como a que citamos anteriormente, também é caracterizada por uma interrupção da respiração enquanto a pessoa dorme.

Porém, o diferencial dela é que, ao contrário da obstrutiva, a sua causa tem uma relação com uma deficiência na parte do cérebro que é conhecida como tronco cerebral.

Por mais que essa causa ainda possa variar e não seja completamente estudada e conhecida, através de diversos exames feitos por estudiosos, conseguiu-se comprovar alguns detalhes.

Em um certo momento do sono, por exemplo, o cérebro não manda os devidos sinais aos músculos respiratórios para que a inspiração seja iniciada.

Dessa forma, o resultado é então uma falta de oxigênio no organismo e também a má qualidade de sono para a pessoa.

Quem tem o diagnóstico dessa doença, costuma se queixar com muita frequência de hipersonolência, além de relatos também de ter um noites muito agitadas e uma fragmentação do sono.

Esse já é um quadro um pouco mais raro, porém, existem sim casos de pessoas que sofrem de apneia do sono e acabam desenvolvendo uma depressão.

Apneia mista do sono

Como o próprio nome já diz, a apneia mista do sono é nada mais do que uma mistura dos dois outros casos que acabamos de citar anteriormente, a obstrutiva e a central.

Esse é também o tipo mais comum entre as pessoas que são diagnosticadas com o problema, uma vez que é raro um portador de apneia central não ter eventos de apneia obstrutiva também.

Além disso, é muito comum que a apneia mista venha a se desenvolver com o passar do tempo. Ou seja, ela pode começar como obstrutiva e ser tratada assim, até que outros sintomas da central se manifestem.

É no próprio resultado dos exames de polissonografia que aparecerá uma discriminação indicando quais os tipos de apneia presentes e em que momento cada um deles se manifestou.

Outro diferencial desse caso é que, a diminuição do controle da respiração é, quase que completamente causada pela falta de comunicação entre o cérebro e o corpo e pela obstrução das vias aéreas.

Falando sobre os equipamentos que deverão ser utilizados em cada um dos casos para realizar o tratamento: depende. O grau em que cada uma se encontra, medido por meio da escala de Epworth, é o que irá determinar.

Normalmente, o fator decisivo é escolhido considerando o tipo de apneia que tem então esse grau mais acentuado.

O que causa apneia?

Algumas das principais causas que podem causar o distúrbio do sono são:

Quais são os sintomas da apneia?

Os sinais e sintomas que mais estação relacionados com a apneia do sono são os roncos e também a sonolência em excesso durante o dia.

Além disso, pausas respiratórias feitas durante as crises, podem acabar resultando em engasgos, proporcionando uma sensação de sufocamento, assim como vocalizações e interrupções no sono.

O resultado disso é um sono fragmentado, logo, essa é a principal consequência da sonolência que pode se estender o dia todo, juntamente com um cansaço como de quem sequer pregou o olho a noite.

Dessa forma, nos pacientes em que isso é muito expressivo, pode acabar resultando, por exemplo, em graves acidentes de carro, por exemplo. Além de todos os outros riscos que a pessoa corre por andar com sono.

Uma dificuldade de concentração e até mesmo episódios de sono incontrolável, podem sim ocorrer, muito comumente, inclusive.

Ao contrário do que parece, a insônia porém não está entre os sintomas mais comuns da apneia do sono e, se aparece, é mais frequente nas mulheres portadoras.

De forma mais prática, os principais sintomas da apneia do sono são então:

  • ​Ronco alto ou frequente
  • Pausas respiratórias presenciadas durante o sono
  • Sons sufocantes ou ofegantes e sensação de sufocamento durante o sono
  • Sonolência diurna ou fadiga
  • Sono fragmentado
  • Dor de cabeça matinal
  • Nocturia (acordar durante a noite para ir ao banheiro urinar)
  • Dificuldade na concentração
  • Perda de memória
  • Diminuição do desejo sexual
  • Irritabilidade
  • Sonolência
  • Boca seca (xerostomia)
  • Insônia

Boca seca principalmente ao acordar juntamente com uma salivação excessiva também são comuns. Provavelmente, isso se dá então devido a uma respiração feita pela boca.

Apneia recorrente

Nos casos em que o paciente tem quadros repetidos de apneia, hipóxia intermitente e também um desequilíbrio do sistema nervoso autônomo, o risco de desenvolver certas doenças aumenta, como a:

  • Aterosclerose
  • Hipertensão arterial sistêmica
  • Insuficiência coronariana
  • Arritmia cardíaca
  • Acidente vascular encefálico

Dessa forma, essa arritmia e problemas no coração, podem acabar resultando em um infarto.

Outros sintomas incluem boca seca ao despertar e salivação excessiva, provavelmente devido à respiração oral, além de sono agitado e sudorese noturna, pelo aumento do esforço respiratório.

Diagnóstico da apneia

A principal forma de conseguir diagnosticar esse problema, como já citamos anteriormente, é por meio de um exame de polissonografia.

O exame de apneia do sono, também conhecido como exame do sono, é a partir dele que se torna possível saber qual o tipo de apneia que está afetando o sono do paciente.

Ele é realizado em um laboratório do sono de um hospital ou então em um clínica especializada que tenha foco nesse tipo de análise.

O que ocorre basicamente é, o paciente irá passar a noite ligado em um aparelho que faz o registro de parâmetros como os batimentos cardíacos, a atividade cerebral, o movimento dos olhos, a respiração e o nível de oxigênio no sangue.

Porém, é possível também fazer esse monitoramento com a ajuda de um dispositivo portátil, mais ou menos do tamanho de um medidor de pressão portátil.

Ele ficará preso ao pulso e em dois dedos da mão. O procedimento envolve basicamente colocá-lo a noite na hora em que for dormir, assim, ele poderá assinalar as condições de sono.

Feito isso, o aparelho é então levado até o médico que está analisando o caso para que ele veja por meio da tela de um computador quais foram os resultados.

Além disso, essa consulta com um médico especialista, além de  receber mais informações sobre o que foi interpretado nos exames, é fundamental para que seja detalhado o tratamento ideal para o caso em si.

O diagnóstico pode ser interpretado por um cirurgião-dentista. Além dele, otorrinolaringologista, médicos da área da medicina sono, fonoaudiólogos e neurologistas são os especialistas indicados para pedir um exame.

A fonoterapia é importante, uma vez que a apneia pode causar também episódios de sudorese durante suas crises. Sendo tratada em conjunto com a odontologia na medicina do sono.

Fatores de risco da apneia

Primeiramente, é importante saber que não existem restrições quanto a esse problema. Dessa forma, todas as pessoas podem apresentá-la, até mesmo as crianças, sendo comum a apneia em bebê.

Porém, existem sim alguns fatores de risco, por mais que eles costumem ser identificados e citados principalmente pelos médicos.

Eles irão ainda variar de acordo com o tipo da doença que o paciente tem. Ainda assim, pelo menos duas das principais característica são comuns: ser do sexo masculino e ter passado dos  anos de idade.

No geral, os homens têm então o dobro de chances de desenvolver essa doença do que as mulheres. Essas têm o risco aumentado se estiverem acima do peso ou já passado pela fase de menopausa.

Fique atento com o fatores de risco: obesidade, histórico familiar, idade avançada, álcool e uso, mesmo que controlado, de medicamentos.

No caso da apneia do sono central, por exemplo, o uso de opioides, popularmente conhecidos como medicações para dor, é um dos principais fatores de risco para que ela se desenvolva.

Consequências da apneia para a saúde bucal

Além do distúrbio já ser grave e trazer diversas complicações que já citamos anteriormente neste artigo, ele ainda pode causar prejuízos para a saúde da nossa boca. Alguns deles são:

  • Doenças periodontais: elas têm três estágios- gengivite, periodontite e periodontite avançada. Representam alterações negativas na gengiva e nos ossos periodontais. São causadas pela falta de salivação.
  • Mordida cruzada unilateral: é quando a mandíbula se desloca de forma incorreta. Ou seja, ela de desloca para a direita ou para a esquerda, e não para o centro. Isso causa o desalinhamento entre os dentes da arcada superior com os dentes da arcada inferior. Assim, a mordida é afetada;
  • Mordida cruzada bilateral: funciona da mesma maneira que a unilateral. No entanto, em vez da arcadas ficarem desalinhadas de apenas um lado, elas ficam nos dois;
  • Dentes tortos: causados pela falta de espaçamento entre os dentes. Isso favorece o desenvolvimento incorreto da arcada dentária.;
  • Ressecamento gengival: falta de saliva por causa do ambiente bucal seco; e
  • Inflamações: causadas pelas bactérias que entram na boca. Podem provocar feridas ou doenças mais graves.

O principal problema que afeta a saúde bucal a partir de uma apneia, é o índice de doenças periodontais que se manifestam nesses pacientes.

Uma vez que a pessoa dorme com a boca aberta, o fluxo salivar acaba automaticamente diminuindo, fazendo com que a mucosa oral fique ressecada.

Dessa forma, consequentemente as doenças gengivais como a gengivite e também a periodontite correm um alto risco de aumentarem.

E é por isso que é importante que a apneia e saúde bucal sejam tratadas com cuidado e atenção pelos profissionais da área.

Uso do protetor bucal na apneia

Você sabia que um dos principais acessórios que auxiliam na saúde bucal na apneia é fazer o uso de um protetor bucal? Não, ele não é imprescindível, porém, ele é sim muito útil.

Normalmente, ele costuma ser mais eficiente em casos mais leves de apneia, além de corrigir também os problemas com relação ao ronco muito alto.

O protetor atua então ajustando a posição da língua e da mandíbula, mantendo assim as vias aéreas abertas enquanto a pessoa está dormindo.

Ou seja, com isso, o fluxo de ar que entra na boca será mais contínuo, evitando os principais problemas que a apneia causa.

Um dos tipos de aparelhos intraorais que trata esse quadro, é um dispositivo que proporciona um avanço na região da mandíbula.

Ele tem uma aparência muito semelhante a um protetor bucal esportivo, aqueles que são encaixados tanto nas arcadas dentárias superiores quanto nas inferiores.

Além disso, esse dispositivo é muito eficaz também para tratar o bruxismo noturno originado de apneia, uma vez que impede o ranger dos dentes.

Existe também um outro acessório muito utilizado pelos pacientes que sofrem de apneia, um dispositivo de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP).

Ele é basicamente uma máscara que fica encaixada sobre o nariz e também a boca, soprando o ar nas vias aéreas e ajudando assim a mantê-las abertas durante todo o sono.

Tratamentos para apneia

O paciente pode precisar do apoio de um ortodontista. É esse o profissional que irá confeccionar placas para promover o avanço mandibular.

Elas são então usadas durante a noite. Assim como já explicamos, essas placas reposicionam a língua e deixam o espaço de atuação da faringe mais livre.

Existe também a terapia binível. Esta é basicamente uma opção que costuma ser escolhida quando é preciso aplicar uma pressão ainda mais elevada para que a apneia do sono consiga ser tratada com mais eficácia.

Ainda dentro da área de odontologia do sono, em casos mais graves, é indicado a cirurgia ortgnática de correção das deformidades ósseas da região buco-maxilo-facial.

Cirurgia. Pode-se usar procedimentos cirúrgicos para tratar a apneia do sono. No entanto, como ocorre em qualquer cirurgia, existem riscos associados. Os tipos mais comuns desse procedimento são:

  • Remoção de tecido: o médico irá remover todo o tecido que está localizado na parte de trás da boca, mais ou menos perto do início da gargante. Normalmente, nesses casos as amígdalas e adenoides também costumam ser removidas. Esse é um tipo de cirurgia que, geralmente, é mais indicada para crianças que roncam ou possuem apneia do sono. Nos adultos, nem sempre tem os melhores resultados.
  • Reposicionamento do maxilar: também conhecido como Avanço Maxilomandibular, o que esse procedimento realiza é fazer com que o maxilar seja levado para frente, se mantendo assim acima do nível em relação ao restante dos ossos do rosto. Isso irá então ampliar o espaço atrás da língua e também do palato mole, diminuindo as chances de ocorrer uma obstrução do ar.
  • Implantes: neste tipo de cirurgia, algumas hastes plásticas são implantadas cirurgicamente no palato mole enquanto o paciente está anestesiado. As inserções irão então endurecer o palato. Elas são indicadas para casos leves de ronco ou apneia do sono não muito grave.
  • Cirurgias no nariz: essas são indicadas para corrigir principalmente o desvio de septo. Esse tipo de cirurgia ajuda a manter as estruturas do nariz estáveis, fazendo com que o paciente respire mais facilmente.

O que esperar do tratamento para apneia do sono

Para saber se você realmente precisará de um tratamento para apneia, você deve se fazer as seguintes perguntas:

  1. Você ronca com certa frequência?
  2. Acorda e sente um cansaço como se nem tivesse dormido?
  3. Durante o dia, está com um cansaço quase que interminável?

Caso suas respostas para alguma dessas perguntas tenha sido sim, as chances de que você não está tendo as noites de sono de qualidade que precisa são grandes.

Um tratamento para esse problema pode ajudar a resolver todos esses incômodos que vêm te atrapalhando, fazendo então com que você se sinta mais disposto e revigorado ao longo do dia.

Existem diversos tipos de máscaras, protetores bucais e outros tipos de acessórios disponíveis no mercado para te ajudarem. Consulte um profissional para conseguir o tratamento para a apneia.

ACESSO RÁPIDO
    Ramiro Murad
    Ramiro Murad Saad Neto, cirurgião-dentista com registro no Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP) nº 118151, é graduado pela UNIC e residente em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial Facial no Sindicato dos Odontologistas de São Paulo (SOESP - SP). Possui habilitação em Harmonização Orofacial e também é gestor de clínicas e franquias odontológicas. Além disso, é integrante da equipe Bucomaxilofacial da Clínica da Villa, que está na Rua Eça de Queiroz, 467 - Vila Mariana, São Paulo - SP.

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