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Pasta de dente com flúor: mudanças devem ocorrer na regulamentação

Pasta de dente com flúor: mudanças devem ocorrer na regulamentação

Atualmente, discute-se uma alteração nos requisitos mínimos da pasta de dente com flúor para beneficiar a população

A pasta de dente com flúor é bastante recomendada por dentistas devido a proteção extra que oferece aos dentes, agindo no esmalte dentário.

No entanto, mesmo que a pasta de dente com flúor seja uma ótima aliada da higiene bucal, os profissionais da odontologia também entendem que existem algumas mudanças a serem feitas.

A pasta de dente com flúor ajuda no processo de remineralização do esmalte, um processo que reconstitui os minerais perdidos durante o dia a dia, evitando a formação da cárie dentária.

Portanto, pacientes que usam o produto tem uma menor incidência de serem acometidos pelo problema.

Por outro lado, se o flúor for usado em excesso, pode acabar causando fluorose, o que faz aparecer manchas brancas nos dentes.

Dessa forma, está sendo discutido na atualidade os requisitos mínimos do flúor em cremes dentais.

Neste artigo, trazemos a visão do Conselho Federal de Odontologia sobre o assunto e o que pensa Jaime Aparecido Cury, professor e doutor em Bioquímica pela Unicamp.

Cury foi responsável por apresentar a fundamentação técnica que comprova a importância do controle de flúor em produtos fluorados, além de mostrar a necessidade de rever a Resolução 79/2000, da Anvisa.

Como a pasta de dente com flúor funciona?

Para saber como a pasta com flúor age, basta entender como o flúor atua na nossa boca:

  • Em crianças, ele se concentra nos ossos e dentes em desenvolvimento, fortalecendo o esmalte da dentição decídua e dos dentes permanentes que ainda não nasceram;
  • Fortalece os dentes permanentes erupcionados;
  • Trabalha nos processos de desmineralização e remineralização, que acontecem natural e diariamente na boca;
  • Quebra ácidos da saliva que causam a desmineralização nos dentes;
  • Repõe cálcio e fósforo quando a saliva está menos ácida.

A presença do flúor associado ao processo de remineralização deixa os minerais mais resistentes do que seriam sem a substância. Assim ele fortalece os dentes, já que previne a dissolução dos minerais quando ocorre o processo DES-RE.

Qual é a quantidade de flúor recomendada?

Sabemos que a abundância de flúor resulta em fluorose. Então, a pergunta que fica é: qual a quantidade de flúor que devo aplicar nos dentes?

Tecnicamente, o consumo deve ficar entre 0,05 e 0,07 mg por kg ao dia. Mas como as residências brasileiras são abastecidas por água já fluoretada, o recomendado é usar o creme dental com flúor duas vezes por dia.

Quanto à escovação, existem indicações para quem utiliza esse tipo de pasta.

O paciente precisa escovar os dentes por alguns minutos, realizando movimentos circulares. Também não deve consumir alimento algum por 30 minutos, para que o flúor possa ser absorvido pela estrutura dental.

Sobre a regulamentação do dentifrício fluoretado

Agora que você sabe como o flúor age em nossa boca, vamos falar sobre a alteração na regulamentação do dentifrício fluoretado.

Consultamos o Prof. Dr. Jaime Aparecido Cury, responsável pela fundamentação técnica que comprova a necessidade de controlar o flúor nos produtos e rever a Resolução 79/2000, da Anvisa.

Cury acredita que precisa ser feito um controle para que os cremes dentais sejam, de fato, efetivos contra a formação da cárie dentária, como ele diz em seu texto “Necessidade de revisão e regulamentação brasileira sobre dentifrícios fluoretados”.

“Para que um dentifrício seja eficaz no controle da cárie dental, é indispensável que o fluoreto esteja quimicamente solúvel na formulação para interferir no processo físico-químico do desenvolvimento de lesões de cárie”, explica o doutor.

Além disso, ele ainda fala que a legislação sobre o assunto sofreu alterações no Brasil, que culminaram na Resolução 79/2000, da Anvisa.

Mas existe um problema nessa lei, que “estabelece que um dentifrício não deve conter mais que 0,15% de fluoreto total, sem especificar quanto desse fluoreto deve estar quimicamente solúvel na formulação fresca ou durante o prazo de validade para ter efeito anticárie”, como relata Cury.

Isso gera um problema nos produtos disponíveis para compra.

“Como consequência, são encontrados à venda no mercado brasileiro dentifrícios com concentração de fluoreto potencialmente ativo contra cárie muito abaixo do mínimo recomendado”, informa Cury.

O que deve ser regulado no dentifrício fluoretado?

Conforme o Dr. Jaime Cury conta em seu texto “Dentifrício fluoretados e o SUS-Brasil: O que precisa ser mudado?”, existem três alterações que precisam ser feitas:

  1. Não conter mais do que 1.500 ppm (mg/kg) de fluoreto total (FT);
  2. Que pelo menos 1.000 ppm do FT esteja quimicamente solúvel (FST) na amostra fresca (recém-fabricada);
  3. Que o dentifrício mantenha pelo menos 800 ppm de fluoreto solúvel (FST) após 2 anos da data de fabricação.

Assim, é possível colocar no mercado um produto realmente eficiente no combate à cárie.

Para Cury, “a razão de no máximo 1.500 ppm de fluoreto total é por questão da segurança do produto. A de 1.000 ppm de fluoreto soúvel, para garantir um efeito mínimo anticárie. E 800 ppm de fluoreto solúvel por 2 anos é por ser uma concentração factível de ser obtida até pelos pequenos produtores de creme dental”.

A necessidade de alteração é porque não basta apenas determinar qual é a quantidade máxima de fluoreto total, isso já foi estabelecido por conta da preocupação em ter um produto seguro e que não cause fluorose. Mas, sim, um que tenha uma fórmula que seja capaz de prevenir a cárie.

“A cárie continua sendo um problema de saúde pública, afetando mais de 2,5 bilhões de pessoas ao redor do mundo e impactando a qualidade de vida das pessoas mais que a fluorose dental”, diz Cury.

E quanto a Resolução 79 da Anvisa?

O motivo de revisão na Resolução 79, da Anvisa, é por não existir o estabelecimento de um valor mínimo de flúor necessário, como Cury explica: “A legislação brasileira apenas estabelece que um dentifrício não pode conter mais do que 0,15% de flúor total, sem estabelecer o mínimo de flúor solúvel que ele deveria conter para ter potencial anticárie, que, de acordo com revisões sistemáticas, deve ser igual ou maior que 1.000 ppm de flúor”.

Por outro lado, segundo o Conselho Federal de Odontologia, a mudança na Resolução da Anvisa deve ser a de adequar a quantidade máxima e mínima de flúor em todos os produtos disponíveis no mercado.

Qual o posicionamento do CFO sobre a regulamentação?

Entramos em contato com o CFO e perguntamos qual é o posicionamento da instituição sobre a necessidade de alteração da fórmula.

A resposta foi que “o Conselho Federal de Odontologia apoia a regulamentação de dentifrício fluoretado contido em cremes dentais e utilizado pela população na escovação diária contra cárie“.

Além disso, o conselho também afirma que o intuito de desenvolver trabalhos sobre o tema é importante porque oferece auxílios à população.

“O trabalho realizado em parceria com a Academia Brasileira de Odontologia, o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira de Odontologia caminha para que sejam estabelecidos novos requisitos mínimos que assegurem a saúde bucal da sociedade, a partir dos aspectos científicos analisados pela Academia, que regem a utilização do flúor como agente de promoção de saúde odontológica”, evidencia o CFO.

Por fim, a instituição esclarece a finalidade do trabalho que está sendo desenvolvido: “Revisar a Resolução 79/2000, da Anvisa. Essa regulamentação vai ao encontro do trabalho desenvolvido pela atual gestão do CFO, em prol da valorização da Odontologia e da proteção da sociedade”.

Gostou de saber as alterações propostas pelo Prof. Dr. Jaime Cury para a pasta de dente com flúor e o posicionamento do CFO sobre o assunto? Continue nos acompanhando para ver conteúdos novos todos os dias!

ACESSO RÁPIDO
    Ramiro Murad
    Ramiro Murad Saad Neto, cirurgião-dentista com registro no Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP) nº 118151, é graduado pela UNIC e residente em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial Facial no Sindicato dos Odontologistas de São Paulo (SOESP - SP). Possui habilitação em Harmonização Orofacial e também é gestor de clínicas e franquias odontológicas. Além disso, é integrante da equipe Bucomaxilofacial da Clínica da Villa, que está na Rua Eça de Queiroz, 467 - Vila Mariana, São Paulo - SP.

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