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O efeito anestésico pode ser potencializado pela fenilefrina

O efeito anestésico pode ser potencializado pela fenilefrina

A anestesia local é um dos fármacos mais utilizados pelo cirurgião-dentista durante processos clínicos e cirúrgicos. Assim, cabe a esse profissional um conhecimento aprofundado a respeito da farmacologia desses anestésicos, bem como dos vasoconstritores associados a eles. Você já ouviu falar na Fenilefrina, por exemplo?

Algumas anestesias locais são compostas por vasoconstritores, como a Fenilefrina, agentes que auxiliam num processo anestésico mais rápido e duradouro para obtenção de processos cirúrgicos e clínicos mais eficazes e seguros. Isto é, anestésicos associados a vasoconstritores tornam-se ainda mais potentes que aqueles que não o são.

Assim, a Fenilefrina é um vasoconstritor pertencente ao grupo farmacológico de agentes adrenérgico, geralmente associado à lidocaína, um anestésico local amplamente utilizado na odontologia.

Porém, para entender melhor o que é Fenilefrina e para que serve, é preciso antes compreender como funciona o anestésico local e qual a sua forma de atuação em nosso organismo.

Como funciona o anestésico local?

A anestesia local é um fármaco que tem como objetivo bloquear a condução nervosa e gerar a perda da sensibilidade em áreas circunscritas do organismo, impedindo a transmissão de sinais entre essa área e o cérebro, sem que tenha que, para isso, levar a perda de consciência, ao contrário da anestesia geral, por exemplo.

Em síntese, a anestesia local é uma combinação de medicamentos que auxiliam na diminuição da sensação de dor, na sedação e no bloqueio de reflexos.

De forma geral, ela age no bloqueio dos canais de sódio dos neurônios, impedindo a transmissão de impulsos nervosos para o cérebro. Isso quer dizer que o paciente que recebe uma anestesia local não sabe que está se passando algo considerado dolorido ali.

O anestésico local possui um efeito considerado reversível, ou seja, seu tempo de duração é curto e passageiro.

Além disso, devido ao baixo índice de incidências de complicações, se comparado ao amplo nível de uso, a anestesia local é um procedimento considerado altamente seguro.

O efeito da anestesia local é atualmente considerado um grande avanço da farmacologia, pois, com sua aplicação, faz-se possível a realização de procedimentos cirúrgicos e clínicos com muito mais segurança e de forma indolor.

No entanto, alguns anestésicos locais possuem em sua formulação vasoconstritores, como a Fenilefrina, responsáveis por potencializar seu efeito.

O que são vasoconstritores e como agem?

A associação dos anestésicos locais com os vasoconstritores geralmente é necessária devido ao pouco tempo de duração dos anestésicos.

anestesia em odontologia pode comumente requerer o uso de vasoconstritores como forma de potencializar seu efeito durante procedimentos cirúrgicos.

Isso porque, quando esses anestésicos são administrados isoladamente e, consequentemente, seu tempo de duração é mais curto, entre dez a vinte minutos de anestesia pulpar, o cirurgião-dentista pode precisar realizar novas aplicações ao longo do procedimento, aumentando a possibilidade de toxicidade sistêmica e complicações por conta da anestesia.

Dessa forma, sua associação a vasoconstritores traz inúmeras vantagens, tais como:

  • Aumento da eficácia e duração da anestesia;
  • Menor probabilidade de ocorrência de efeitos sistêmicos adversos e toxicidade;
  • Auxílio no controle de hemorragia durante procedimentos cirúrgicos;
  • Diminuição de níveis plasmáticos de anestésico;
  • Compensação da vasodilatação.

Podemos definir os agentes vasoconstritores como substâncias químicas que têm como função a absorção mais lenta dos sais anestésicos e redução de sua toxicidade. Essas substâncias promovem a vasoconstrição, ou seja, o processo de contração dos vasos sanguíneos, processo oposto à vasodilatação.

Assim, definimos a Fenilefrina como um agente vasoconstritor que está associado a alguns tipos de anestésicos locais.

Lidocaína e fenilefrina, por exemplo, são comumente associados e amplamente utilizados na odontologia, normalmente com concentração 2% e 7% nos tubetes anestésicos como dose máxima recomendada. Além disso, é um dos anestésicos com as mais baixas possibilidades de efeitos tóxicos, quando administrado sob dosagem correta.

Os tipos de vasoconstritores mais utilizados atualmente são:

  • Adrenalina/epinefrina;
  • Noradrenalina/noraepinefrina;
  • Fenilefrina;
  • Octopressin/felipressina.

Por fim, a Fenilefrina, também chamada de Cloridrato de Fenilefrina pertence, junto com a grande maioria dos vasoconstritores, exceto a felipressina, ao grupo farmacológico de agentes adrenérgico

Contraindicações da Fenilefrina e aplicação da anestesia local em pacientes com condições sistêmicas

Apesar de ser um dos anestésicos vasoconstritores considerados eficazes e seguros, a Fenilefrina pode possuir alguns efeitos sistêmicos, como aumento da pressão sistólica e diastólica.

Portanto, seu uso deve ser avaliado previamente pelo profissional, a fim de selecionar o anestésico local mais indicado ao caso específico de seu paciente, levando em consideração todo seu histórico de saúde.

Veja algumas condições sistêmicas e como deve ser empregada a anestesia local com vasoconstritor.

  • Hipertensão Arterial: em casos de pacientes hipertensos controlados ou em tratamento médico, pode-se utilizar vasoconstritores que não produzam alterações cardiovasculares, mas não a Fenilefrina.
  • Diabete Mellitus: é contraindicado o uso de vasoconstritores do grupo adrenalina, como a Fenilefrina, pois pode resultar em hiperglicemia pela quebra de glicogênio e glicose.
  • Gestantes: para esse grupo, o anestésico mais seguro é a lidocaína 2%, com dose máxima de dois tubetes por atendimento.
  • Crianças: semelhante às gestantes, para as crianças também se faz mais seguro o uso de lidocaína 2% como anestésico local, também respeitando o limite de dois tubetes por atendimento.

A Fenilefrina ainda é contraindicada em casos de pacientes com:

  • Hipertensão grave;
  • Taquicardia ventricular;
  • Hipertiroidismo severo;
  • Pacientes hipersensíveis a Fenilefrina; e
  • Pacientes que usam imipraminicos e beta-bloqueadores;

Há ainda outros casos especiais em que o profissional da odontologia deve considerar as múltiplas variáveis no momento da escolha do anestésico local, se adiciona agentes vasoconstritores ou não e quais contraindicações existem para cada anestésico.

Podemos citar como exemplo casos de pacientes asmáticos, com hipertireoidismo e pacientes que fazem uso de antidepressivos.

Dessa forma, ressaltamos que uma avaliação cautelosa e uma anamnese criteriosa são necessárias para evitarem possíveis complicações no que diz respeito à escolha do anestésico odontológico, sobretudo em casos especiais.

Concluímos, assim, que agentes vasoconstritores, como a fenilefrina, quando associados a anestesias locais, podem promover inúmeras vantagens e benefícios nos procedimentos odontológicos. Entretanto, cabe dizer que os profissionais que os administram devem ter amplo conhecimento farmacológico e realizarem sempre uma anamnese adequada.

ACESSO RÁPIDO
    Ramiro Murad
    Ramiro Murad Saad Neto, cirurgião-dentista com registro no Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP) nº 118151, é graduado pela UNIC e residente em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial Facial no Sindicato dos Odontologistas de São Paulo (SOESP - SP). Possui habilitação em Harmonização Orofacial e também é gestor de clínicas e franquias odontológicas. Além disso, é integrante da equipe Bucomaxilofacial da Clínica da Villa, que está na Rua Eça de Queiroz, 467 - Vila Mariana, São Paulo - SP.

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