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DORT pode ser comum em cirurgiões-dentistas

DORT pode ser comum em cirurgiões-dentistas

A saúde no ambiente de trabalho é um fator de suma importância para a realização das atividades de forma eficaz e produtiva. Quando é o próprio trabalho que prejudica nossa saúde, o problema é um pouco mais profundo. É o que ocorre nos casos de DORT.

De acordo com o Ministério da Saúde, dentre as doenças ocupacionais, os casos de DORT são os que mais afetam os trabalhadores brasileiros. Mas o que é DORT?

DORT ou Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho é uma síndrome que constitui um grupo de doenças e de lesões que afetam o corpo devido ao trabalho intenso e repetitivo sem descanso suficiente, além de posturas inadequadas.

Pode ser definido ainda como o conjunto de doenças que afetam especialmente os membros superiores, atingindo os músculos, nervos e tendões, e provocando irritações e inflamações devido à sobrecarga do músculo-esquelético.

Sendo assim, DORT em si não é considerado uma doença, mas a classificação de um conjunto de doenças provocadas em razão da atividade profissional.

Apesar de ser possível classificar inúmeras doenças relacionadas a esse distúrbio, confira alguns exemplos de DORT:

  • Dedo em gatilho;
  • Síndrome do pronador redondo;
  • Bursite;
  • Tenossinovite;
  • Tendinites;
  • Síndromes do desfiladeiro torácico e do túnel do carpo;
  • Epicondilite;
  • Cifoescoliose.

Qual é a diferença entre LER e DORT?

Agora que você entendeu o que é DORT, outra dúvida pode ter surgido. Você pode ter associado esse distúrbio a Lesão do Esforço Cognitivo (LER).

Na realidade, não existem grandes diferenças entre os dois termos. Ambas abrangem as doenças do sistema muscoesquelético ligamentar causadas pelo esforço repetitivo e excessivo. Inclusive, o termo DORT pode ser considerado um substituto para LER.

Contudo, DORT e LER nem sempre devem ser usados para se tratar da mesma situação. O DORT está relacionado exclusivamente à lesão causada no ambiente de trabalho, que também pode entrar  na classificação de “doenças ocupacionais“.

Já a LER não necessariamente possui relação com as lesões ocorridas devido às atividades profissionais.

Para exemplificar, supomos que um engenheiro possua uma função administrativa em seu trabalho, e que, aos finais de semana, ele tenha como hobby jogar tênis.

Se o engenheiro sofre uma lesão por causa dos movimentos repetitivos causados pelo jogo de tênis, podemos classificá-la como LER, mas, por não ser originada pelo exercício de suas atividades profissionais, não é considerada DORT.

Do contrário, se um cozinheiro adquire uma lesão pelo esforço repetitivo decorrente de suas atividades profissionais na cozinha, apesar de poder se considerar LER, por se tratar de uma lesão por esforço repetitivo, o termo mais correto para classificação seria DORT, já que a lesão está diretamente relacionada ao seu trabalho.

Além disso, o termo DORT não se limita apenas ao esforço físico, mas também a outros tipos de sobrecarga geradas no ambiente de trabalho, como fatores psicossociais.

Afinal, muitas das pessoas que apresentam sintomas no sistema musculoesquelético não necessariamente apresentam evidência de leões em alguma estrutura.

Quais são as causas de LER/DORT?

Como o próprio nome já denuncia, as causas da LER/DORT são mecanismos de agressão, isto é, o esforço repetitivo ou demasiado na execução de determinada atividade.

Além do esforço excessivo e repetitivo, o Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho pode se manisfestar devido à má postura, ao stress e às más condições de trabalho.

Assim, podemos classificar como sendo as causas e fatores de risco para o aparecimento de LER e DORT:

  • Postura incorreta e desfavorável às articulações;
  • Ausência de pausa e descanso durante um expediente intenso de trabalho;
  • Jornadas excessivas;
  • Excesso de movimentos repetitivos;
  • Vibrações e pressões mecânicas localizadas nos tecidos;
  • Carga músculo-esquelética e estática;
  • Invariabilidade de tarefa;
  • Exigências cognitivas;
  • Grau de adequação do posto de trabalho à zona de atenção e à visão;
  • Fatores biomecânicos, organizacionais e psicossociais;
  • Jornada dupla em decorrência do serviço doméstico;
  • Posto de trabalho inadequado;
  • Ambiente de trabalho desconfortável;
  • Repetições manuais intensas em um mesmo padrão de movimento;
  • Tempo insuficiente para a realização do trabalho;
  • Falta de orientação de profissionais de segurança e medicina do trabalho;
  • Mobiliário ergonomicamente mal planejado;
  • Postura fixa por tempo extenso.

Quais os sintomas relacionados ao Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho?

Os sintomas relacionados a DORT dependem diretamente do tipo de lesão ocasionada, isto é, da doença desenvolvida em decorrência do Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao trabalho. No entanto, os principais sinais e sintomas incluem:

  • Dor nos membros;
  • Dificuldade de movimentar os membros;
  • Formigamento;
  • Sensação de peso;
  • Perda de força;
  • Inchaço local;
  • Fadiga muscular;
  • Alteração da temperatura;
  • Sensibilidade alterada;
  • Paralisia e parestesia;
  • Redução na amplitude do movimento;
  • Inflamação;

Como prevenir LER/DORT?

A doença osteomuscular, a depender do seu nível de gravidade, pode causar diversos prejuízos à saúde e à vida profissional de um indivíduo, podendo até mesmo impedir que o trabalhador volte à prática de seu exercício, nos casos mais graves.

Por isso, a prevenção de LER/DORT deve ser vista com seriedade. Confira algumas atitudes e ações de prevenção:

  1. Técnicas adequadas para a execução de tarefas;
  2. Intervalos apropriados durante o expediente de trabalho;
  3. Respeito aos limites biomecânicos;
  4. Pausas adequados durante o trabalho;
  5. Alongamento e aquecimento do corpo antes do início da jornada de trabalho;
  6. Adequação ergonômica do ambiente de trabalho.

Vale ressaltar que diversos outros fatores externos ao ambiente de trabalho, apesar de não serem a causa direta do DORT, podem contribuir para o seu aparecimento, como predisposições individuais, variações congênitas do aparelho locomotor, enfermidades associadas, sedentarismo e outros.

Dessa forma, para prevenir LER/DORT, além de ter um ambiente de trabalho organizado e adequado, o indivíduo também deve cuidar do seu estilo de vida como um todo, prezando pela saúde do corpo e da mente por meio de uma boa qualidade de sono, boa alimentação e condicionamento físico, por exemplo.

Profissões mais acometidas pelo Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho

A ocorrência desse distúrbio é mais comum nos profissionais dos setores da indústria, comércio, alimentação, transporte e serviços domésticos.

Assim, as profissões mais afetadas são, geralmente, os faxineiros, operadores de máquinas fixas, alimentadores de linhas de produção e cozinheiros.

Entretanto, queremos chamar atenção para um profissional específico, amplamente acometido por doenças de DORT.

Os cirurgiões-dentistas sofrem frequentemente com lesões relacionadas ao trabalho. Como exemplo, podemos citar a cifoescoliose.

O acometimento de DORT no dentista ocorre, principalmente, por causa da má postura e de movimentos repetitivos durante um longo período de trabalho. Uma das posições relacionadas à postura mais frequentemente observadas nesses profissionais são:

  • Abaixar excessivamente a cabeça;
  • Manter os cotovelos acima do ombro;
  • Mau posicionamento da mesa auxiliar.

Portanto, assim como todos os profissionais, o cirurgião-dentista, em especial, deve certificar-se de adequar o seu ambiente de trabalho, bem como sua jornada, de forma a prevenir o surgimento do distúrbio.

ACESSO RÁPIDO
    Ramiro Murad
    Ramiro Murad Saad Neto, cirurgião-dentista com registro no Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP) nº 118151, é graduado pela UNIC e residente em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial Facial no Sindicato dos Odontologistas de São Paulo (SOESP - SP). Possui habilitação em Harmonização Orofacial e também é gestor de clínicas e franquias odontológicas. Além disso, é integrante da equipe Bucomaxilofacial da Clínica da Villa, que está na Rua Eça de Queiroz, 467 - Vila Mariana, São Paulo - SP.

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