Saiba para que serve a manobra de desbridamento foraminal no tratamento endodôntico
Para obter o sucesso terapêutico em um tratamento endodôntico é preciso que o profissional conheça todas as etapas e manobras que envolvem essa terapia. Por isso, neste artigo você vai conhecer a manobra do desbridamento foraminal e como ela é utilizada na endodontia.
O desbridamento foraminal constitui um passo a mais durante o processo do preparo biomecânico dos canais, tendo como objetivo a limpeza do forame do dente, localizado além do canal dentinário, no canal cementário.
Assim, o desbridamento foraminal é uma manobra endodôntica que serve para limpar o forame apical do dente. Isto é, realizar a remoção de tecidos infectados e tecidos necrosados, a fim de eliminá-los e promover um tratamento mais eficiente.
Portanto, podemos dizer que a manobra de desbridamento foraminal tem como objetivo:
- Limpar: para eliminar as bactérias do sistema de canais radiculares;
- Raspar: a fim de regularizar a parede do canal cementário;
- Debridar: com intuito de remover os tecidos necrosados.
Importância da Manobra de Desbridamento Foraminal
Partindo do princípio de que a terapia endodôntica possui a finalidade de devolver a saúde ao elemento dental, para que se atinja esse objetivo, é preciso que todas as etapas do tratamento de canal sejam realizadas de forma eficaz. Especialmente no que se refere à limpeza dos mesmos.
No entanto, a manobra de desbridamento foraminal é contestada por alguns estudos por apresentar riscos de traumas indesejáveis e desnecessários para os tecidos periapicais.
Assim, propõe-se que o tratamento endodôntico deva ser realizado apenas no canal dentinário.
Contudo, a extensão do canal dentário possui espaço suficiente para alojar quase 80 mil microrganismos. Assim, subentendi-se que a limitação do tratamento endodôntico apenas ao canal dentinário pode não ser o suficiente.
Portanto, foi postulado que a limpeza dos canais deve avançar até o canal cementário, por meio do desbridamento foraminal. Promovendo, assim, a limpeza do forame apical, para a posterior obturação.
Para o cirurgião-dentista Ramiro Murad Saad Neto, a execução da manobra é essencial, especialmente quando há lesão periapical:
“Se a manobra não é realizada, o tratamento de canal pode, por vezes, ser ineficiente, pois alguma remanescente de tecido necrosado ou infectado pode ser deixado no forame, causando recidiva, ou dor e desconforto pós-tratamento. No pior dos casos, a lesão periapical pode não regredir.”
Quando Essa Manobra Pode ser Empregada?
Normalmente, quando o diagnóstico apresenta condições clínicas de ausência de contaminação bacteriana e quando o plano de tratamento é a biopulpectomia.
Isto é, quando há polpa vital que deve ser removida por completo, é possível que não haja necessidade do uso da manobra de desbridamento foraminal.
Entretanto, quando a condição clínica é de necrose pulpar, possuindo, consequentemente, um plano de tratamento de necropulpectomia, devido a presença de microrganismos, é preciso que todo o canal radicular seja sanificado, requerendo o uso da manobra.
De acordo com o Neto:
“A necrose pulpar gera uma micro-infecção que passa além do dente, formando uma lesão periapical, necessitando, assim, ser tratada além do limite do ápice do dente.”
Portanto, a manobra pode ser empregada em casos de necrose pulpar, em casos de lesão periapical e nos casos sem lesão.
Assim, concluímos que o desbridamento foraminal constitui-se em uma importante etapa do preparo biomecânico dos canais radiculares, eliminando as bactérias do forame apical e induzindo uma resposta biológica positiva.