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Violência doméstica é grave e pode ser identificada por dentistas

Violência doméstica é grave e pode ser identificada por dentistas

Atingindo muitas pessoas, ainda é um crime que ocorre todos os ao redor do mundo

No Brasil, a violência doméstica contra crianças e também os adolescentes é a primeira causa de morte na faixa etária de cinco a dezenove anos, e a segunda na faixa etária de um a quatro anos de idade.

Dessa forma, o tipo mais frequente de maus-tratos contra a criança ou adolescente é a violência doméstica. Esse crime costuma se prolongar pois, muitas vezes, o agressor ameaça a vítima caso o denuncie.

Violência doméstica é um padrão de comportamento que envolve atos de violência ou outro tipo de abuso por parte de uma pessoa contra outra num contexto doméstico.

Como no caso de um casamento ou união de facto, ou contra crianças ou idosos.

Formas em que a violência doméstica aparece

A violência doméstica pode assumir então diversas formas, incluindo ameaças ou agressões físicas. Entre elas podemos destacar principalmente:

  • Bater;
  • Pontapear;
  • Morder;
  • Acorrentar;
  • Atirar objetos;
  • Choques elétricos.

Além disso, existem também os abusos sexuais, comportamento controlador, intimidação, perseguição contínua, abusos passivos (como negligência) ou privação econômica.

Pode-se ainda incluir outras formas de abuso. Como colocar deliberadamente a pessoa em perigo, coerção, rapto, detenção forçada, invasão de propriedade e assédio.

Vamos entender melhor sobre esses tipos de violência?

Abuso Físico

Abuso físico é o abuso que envolve contacto físico com a intenção de infligir medo, dor, outro tipo de sofrimento físico ou lesões corporais.

As dinâmicas de abusos físicos no contexto familiar são muitas vezes complexas.

A violência física pode ser o motivo de outros tipos de comportamento abusivo, como ameaças, intimidação e limitação da auto-determinação da vítima através do isolamento forçado, manipulação e outras limitações da liberdade pessoal.

Dessa forma, a negação de cuidados de saúde, a privação de sono e a administração forçada de drogas ou álcool são também consideradas formas de abuso físico.

Pode ainda ser considerado abuso físico os atos de violência física contra outros alvos, como os filhos ou animais de estimação, que tenham por objetivo causar danos emocionais na vítima.

O estrangulamento no contexto de violência doméstica é uma das formas mais letais de violência, embora passe despercebido em grande parte dos casos por conta da falta de consciencialização médica e social.

Abuso Sexual

A Organização Mundial de Saúde define abuso sexual como qualquer ato sexual, tentativa de obter um ato sexual, abordagens ou comentários de cunho sexual indesejados ou tráfico sexual direcionados contra determinada pessoa por meio de coerção.

A definição envolve ainda os testes de virgindade obrigatórios e mutilação genital feminina. Para além das tentativas de iniciar um ato sexual por via da força.

Além disso, está na presença de abuso sexual nas situações em que a vítima é incapaz de compreender a natureza do ato, incapaz de recusar a participação ou incapaz de comunicar consentimento.

Isto pode ser devido a imaturidade, menoridade, doença, influência de álcool ou drogas, intimidação ou pressão da vítima.

O incesto é uma forma de violência sexual familiar, correspondendo ao contacto sexual entre um adulto e uma criança. A definição de violência sexual inclui:

  1. Casamento forçado;
  2. Coabitação forçada;
  3. Gravidez forçada, incluindo a prática de levirato.

O levirato é um tipo de casamento em que uma viúva é obrigada a casar com o irmão do falecido marido.

Abuso Psicológico

Abuso psicológico ou abuso emocional é um padrão de comportamento. Dessa forma, tem o objetivo de ameaçar, intimidar, desumanizar ou sistematicamente debilitar a auto-estima de outra pessoa.

As formas mais comuns de abuso psicológico incluem desvalorização, ameaças, isolamento, humilhação em público, críticas incessantes, obstrução e manipulação psicológica.

A perseguição sistemática é também uma forma de intimidação psicológica, sendo mais comum entre casais ou antigos casais.

As vítimas geralmente sentem que o parceiro as controla por completo, o que afeta severamente a dinâmica de poder na relação. Dando maior poder ao abusador e diminuindo o da vítima.

Em muitos casos as vítimas desenvolvem depressão, o que aumenta o risco de distúrbios alimentares, suicídio, toxicodependência e alcoolismo.

Abuso Econômico

Abuso econômico é uma forma de abuso em que um dos parceiros íntimos controla o acesso do outro parceiro a recursos econômicos ou aos bens matrimoniais.

Principalmente, as formas desse abuso mais comuns são impedir um cônjuge de adquirir recursos, limitando aquilo que a vítima pode comprar ou usar, ou explorar os recursos econômicos da vítima.

São também formas de abuso econômico forçar ou pressionar um membro da família a assinar documentos, a vender bens ou a alterar um testamento.

Relação entre a violência doméstica e a Odontologia

Para os profissionais da saúde, a habilidade para diferenciar indícios de maus tratos de outras doenças é de grande importância.

Os cirurgiões-dentistas estão em uma posição privilegiada para observar os sinais de maus-tratos, pois a maioria das lesões, nos casos de abuso físico, envolvem as regiões de cabeça, pescoço e boca.

Ainda assim são muitos os casos de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Porém, os dentistas podem ser os primeiros profissionais a atender vítimas nesses casos.

Para isso, eles devem saber reconhecer os sinais e identificar as formas de ajudar as vítimas nessas situações.

O que o cirurgião dentista deve fazer em caso de suspeita de maus tratos?

Você deve estar se perguntando como o dentista deve fazer para identificar possíveis casos de violência. E como deve se comportar e agir em tais situações, certo?

Por isso, listamos algumas recomendações:

  • Realizar uma boa anamnese: verificar se a história da lesão é coerente com o ferimento;
  • Descrever as lesões de acordo com a região, o tamanho e o aspecto;
  • Realizar exame detalhado extra e intraoral. Boca: lacerações de freios labial e lingual, palato mole e duro. Gengiva e língua: queimaduras. Lábios: machucados no canto da boca, com hematomas, equimoses e cicatrizes. Dentes: fraturados, avulsionados (dente deslocado de sua cavidade) e com alteração de cor; dentes com muitas necessidades curativas, que provocam dor ou estão em processo infeccioso;
  • Indícios de abuso sexual: alteração de comportamento, lesões de DST, petéquias (pontos vermelhos causados por hemorragia de vasos) e eritema em palato mole e duro (sexo oral forçado).

Por isso, fica claro que o papel do dentista em analisar possíveis casos de violência doméstica é fundamental. Uma vez que os pacientes possam não denunciar, mas continuar mantendo suas consultas de rotina normalmente.

ACESSO RÁPIDO
    Ramiro Murad
    Ramiro Murad Saad Neto, cirurgião-dentista com registro no Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP) nº 118151, é graduado pela UNIC e residente em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial Facial no Sindicato dos Odontologistas de São Paulo (SOESP - SP). Possui habilitação em Harmonização Orofacial e também é gestor de clínicas e franquias odontológicas. Além disso, é integrante da equipe Bucomaxilofacial da Clínica da Villa, que está na Rua Eça de Queiroz, 467 - Vila Mariana, São Paulo - SP.

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