Quais são as indicações e contraindicações da cirurgia parendodôntica?
Apesar dos altos índices de sucesso, eventualmente a terapia endodôntica convencional pode falhar, sendo insuficiente na completa descontaminação dos canais radiculares diante de um processo inflamatório periapical. Nesses casos, o endodontista deve recorrer a outras opções de tratamento, como a cirurgia parendodôntica.
A cirurgia parendodôntica é um procedimento bastante específico do campo da endodontia, indicado quando as possibilidades de tratamento convencionais esgotam, promovendo a preservação do elemento dental.
Cirurgia parendodôntica é uma terapia cirúrgica que promove o reparo de alterações periapicais. Tem como objetivo selar cirurgicamente os canais radiculares, a fim de evitar a comunicação de agentes irritantes e tecidos periapicais.
Indicação de Cirurgia Parendodôntica
Em primeiro lugar, a cirurgia parendodôntica não deve ser entendida como um método substituto da terapia convencional, mas deve ser vista com uma extensão do tratamento endodôntico.
É usada quando a primeira não alcança sucesso, e outro procedimentos que também seriam indicados não são eficientes. Assim, o tratamento de canal por meio da cirurgia parendodôntica é indicada na situações:
- Falha da terapia endodôntica convencional;
- Presença de restaurações diretas ou indiretas, onde notoriamente se dificulta o acesso convencional;
- Problemas anatômicos que impedem o completo desbridamento ou obturação;
- Dentes com lesões de tamanho e dimensão avançados;
- Presença de corpos estranhos na região periapical, como material obturador extravasado, ou fragmento de instrumento;
Existem Contraindicações Para Esse Tipo Terapia?
De acordo com o cirurgião-dentista Caio Cezar Randi Ferraz, doutor e professor Associado da Área de Endodontia da Universidade Estadual de Campinas, formalmente as contraindicações para a realização dessa cirurgia apical são praticamente inexistentes.
No entanto, assim como em qualquer cirurgia, é preciso estar atento à saúde geral do paciente. Desse modo, em casos de pacientes diabéticos e hipertensos não controlados, por exemplo, é preciso ter certa cautela.
Além disso, os princípios básicos de anestesia, como limite máximo de anestésico, também são importantes cuidados a serem observados pelo profissional.
Caio Ferraz ainda ressalta a possibilidade de eventuais contraindicações locais, devido a complexidade anatômica, especialmente em dentes pré-molares ou molares superiores, com ápices de difícil acesso.
Além de ápices relacionados a áreas anatômicas de risco, como quando se há uma proximidade muito grande do seio maxilar, por exemplo.
O Que Constitui uma Cirurgia Parendodôntica de Alta Qualidade?
Caio Ferraz explica ainda que, para que a terapia atinja seus altos índices de sucesso – atualmente entre 91 a 92%, segundo a literatura -, todos as seguintes técnicas de cirurgia parendodôntica devem ser contempladas:
- Apicectomia, isto é, a remoção de 3 mm da porção apical do elemento dental;
- Retropreparo, ou a desobturação via retrógrada;
- Retrobturação.
Visto que alguns profissionais classificam a cirurgia parendodôntica excluindo algum desses passos, como apenas na realização da curetagem ou a apicectomia, sem a retrobturação, por exemplo.
Já para o especialista, de acordo com os conceitos mais modernos, a terapia deve contemplar todas etapas para ser classificada como uma cirurgia parendodôntica de alta qualidade.
O especialista finaliza:
“Desde que o profissional seja bem treinada, é bastante viável para o paciente, com um pós-operatório bastante interessante. Para o clínico, é um tipo de terapia que deve ser dominada porque, além dos altos resultados, é bastante lucrativa no consultório. Sendo de baixo custo para a realização, de forma a se oferecer, a baixo custo, uma boa qualidade de tratamento ao paciente.”
Portanto, a cirurgia parendodôntica tem como objetivo a selagem do canal radicular, bem como a remoção de bactérias e toxinas. Além de ser classificada como um procedimento de baixíssimo risco, de ótimo prognóstico e alto índice de sucesso.
*Entrevista e texto por Fernanda Santos