Presença do dentista no tratamento oncológico é fundamental para o bem-estar e a segurança do paciente
O câncer é a segunda maior causa de mortes por doença no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, trata-se de um problema de saúde pública. Nas mulheres, o tipo mais comum, ao redor de todo o mundo, é o câncer de mama.
Estima-se que mais de 60 mil mulheres são acometidas pelo câncer de mama a cada ano no Brasil. Mas sabia que o câncer de mama pode ter relação com a saúde bucal?
Caracterizado por um tumor maligno, o câncer de mama também pode atingir os homens, apesar da condição ser rara. Esse tipo de câncer é causado pela divisão desordenada das células na região, formando um tumor que pode se instalar nos ductos ou nos lóbulos da mama.
Em resposta à luta contra o câncer de mama e à conscientização das mulheres, na década de 1990, surgiu nos Estados Unidos o movimento conhecido como”Outubro Rosa“, simbolizado pelo laço rosa.
Qual a relação entre o câncer de mama e a saúde bucal?
Por si só, o câncer de mama já é um temor de certa agressividade. Mas o problema pode se agravar, se o próprio tratamento da doença afetar negativamente outras partes do organismo. É o caso da saúde bucal.
Isso quer dizer que a condição bucal de pacientes oncológicos pode ser afetada devido à imunossupressão consequente do tratamento químio ou radioterápico do câncer de mama.
Dependendo da severidade da doença e da resposta individual de cada paciente ao tratamento, as complicações orais podem comprometer ainda mais a qualidade de vida do paciente. Em casos como esse, especialmente em pacientes mais suscetíveis a essas complicações, é necessário reduzir as doses o tratamento.
Dessa forma, pacientes oncológicos devem receber um tratamento multidisciplinar, incluindo a participação de um dentista capacitado para tratar e prevenir problemas na cavidade oral.
Quais são as complicações bucais comuns no tratamento do câncer de mama?
Durante a químio ou a radioterapia, as alterações orais mais comuns observadas em pacientes oncológicos são:
- Mucosite oral;
- Infecções fúngicas;
- Trombocitopenia;
- Xerostomia;
- Lesões osteolíticas.
Vamos explicá-las detalhadamente.
Mucosite oral
As terapias oncológicas têm como função a destruição das células malignas que afetam o organismo. Porém, como consequência, acabam atingindo algumas células sadias.
Então, um dos efeitos desse problema é o aparecimento de feridas nas mucosas orais, condição chamada de mucosite oral.
Trata-se de um processo inflamatório com incidência em toda a mucosa intestinal, caracterizada por vermelhidão, inchaço e feridas, atrapalhando a fala e a mastigação.
Infecções fúngicas
A infecção fúngica bucal mais comum no tratamento do câncer é a candidíase oral, uma infecção oportunista ocasionada pelos fungos da Candida. Popularmente, é conhecida como “sapinho”.
Assim, as características desse tipo de infecção na mucosa são lesões brancas ou placas vermelhas e lisas no céu da boca.
Trombocitopenia
Alguns tipos de quimioterapia podem causar danos à medula. Dessa forma, ela deixa de produzir a quantidade necessária de plaquetas no sangue, sendo conhecida como plaquetopenia ou trombocitopenia.
Esse problema pode causar sangramentos espontâneos leves ou graves nos tecidos.
Xerostomia
A xerostomia, também chamada de “boca seca”, é a diminuição do fluxo salivar no ambiente oral, deixando a cavidade exposta a processos infecciosos por conta da baixa quantidade de células de defesa.
A saliva torna-se mais espessa, causando a sensação de secura na boca. O problema é revertido naturalmente logo ao final do tratamento oncológico.
Além desses problemas, é comum que pacientes oncológicos em tratamento apresentem as seguintes alterações orais:
- Gosto metálico na boca;
- Perda da elasticidade dos músculos mastigatórios;
- Perda de paladar;
- Lesões osteolíticas;
- Gengivite e sangramentos;
- Dificuldade de mastigação e de deglutição;
- Dificuldade de falar;
- Herpes simples ou Herpes Zoster;
- Cáries de radiação.
Qual é o papel do dentista no tratamento de pacientes oncológicos?
Como vimos, o tratamento do câncer pode afetar diretamente a saúde bucal do paciente oncológico. Dessa maneira, o papel do dentista no tratamento e nos cuidados odontológicos em pacientes oncológicos baseia-se na atuação clínica prévia, por meio da adequação da cavidade bucal antes do início da quimio ou radioterapia.
Então, o dentista precisa verificar se existe lesões bucais ou alguma cárie ativa, por exemplo. O controle da placa bacteriana também é feito para prevenir problemas durante o tratamento oncológico.
Se o paciente precisar ser submetido a intervenções cirúrgicas pelo dentista, elas deverão ser realizadas antes do início do tratamento do câncer de mama.
Cabe ao profissional esclarecer todas as dúvidas sobre a saúde bucal que estejam relacionadas com o câncer.
Essas etapas fazem parte do protocolo odontológico para pacientes oncológicos e são de suma importância para que o paciente não tenha sua cavidade bucal prejudicada.
Recomendações ao paciente oncológico
Já ao paciente, cabe o cuidado redobrado com sua saúde bucal, uma vez que a boca pode ser a porta de entrada para diversas doenças que agravaram ainda mais sua situação.
De modo geral, as recomendações são:
- Ainda que sofra com alterações na cavidade oral, como sensibilidade ou gengivite, o paciente não deve deixar de cuidar da higiene bucal, já que é a forma mais eficiente de evitar a proliferações de bacterias;
- Junto ao dentista, escolha a escova de dentes que mais se adequar às suas necessidades. O recomendado é o uso de escovas extra-macias;
- Opte por um creme dental menos abrasivo para prevenir irritações na mucosa;
- Uma das partes mais importantes da higiene não pode ser esquecida: o uso do fio dental. Outra alternativa pode ser o uso das escovas interdentais, que são mais fáceis de manusear;
- Por último, pode ser preciso utilizar hidratantes enzimáticos para tratar algumas alterações, como a xerostomia.
Como vimos, a odontologia oncológica é fundamental para que o tratamento contra o câncer de mama seja realizado da forma mais segura e confortável para o paciente, proporcionando qualidade de vida e bem-estar.